22/02/2011

FILHO DO OLIMPO






















Eu, filho do Olimpo,
recebi dos deuses meus pais
diversos poderes.
Posso, sem sair de minha mesa,
inventar mundos e habitá-los a meu modo,
colorir auroras, apreciar perfumes únicos
e locomover-me com a velocidade do pensamento.
Posso ver muito além do alcance visual
e sentir mais do que mo permitiriam os sentidos.
Sabedores dos poderes de que sou revestido,
os homens se divertem em me atribuir apelidos.
Para uns sou poeta; para outros, sonhador
mas todos me dizem louco.
Todavia, um único poder
não mo deram os deuses meus pais:
não posso inventar a mulher que amo.
Ela já existe e só tem esse andar faceiro
porque criá-la foi missão indelegável
que coube apenas a eles.
Bendita limitação, que faz da minha amada
uma obra-prima dos deuses do Olimpo
os quais, como é sabido, são perfeccionistas.

Solange Rech
Foto Google Imagens

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