A você
A minha dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm sombras d´agonia
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...
A minha dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro!
E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...
Florbela Espanca
In A Mensageira das Violetas
tela de Tamara de Lempicka
Um comentário:
Florbela
Quanta saudade desse olhar outonal,
ó Florbela!...
Negritude sobrepondo-se ao horizonte.
Vergéis de aurora. Outrora.
Por onde andas, colhe-se o trigo, dourados cachos maduros.
Belo poema, bela evocação!
Onévio
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