01/03/2011

ISENÇÃO



















Agora compreendemos a beleza
efêmera das coisas
e já nos preparamos lúcidos
e dispomos de mil caminhos sem bússola
para o nosso desespero.

De muito amar nos perdemos no tempo.
A nossa voz perdeu-se nas cavernas da noite.
De súbito, nos achamos confusos
na direção de auroras que não vimos.

Tudo agora nos anuncia as dimensões do efêmero.
Temos pressa e destruímos as probabilidades
do amor, nas suas inúmeras cavilações.

Temos pressa e nos descobrimos
diante da vida
e a cada instante nos sabemos
vazios de ternura, isentos.

Agora já não temos a eternidade
que pretendíamos para os nossos
gestos silenciosos e sinistramente
disfarçamos
nosso poder de violência e tédio.

Apenas a tristeza de ser nos impele solidária
para o que tão longe permanece
como um sopro noturno de esperança
ou morte.

Gilberto M.Teles
In Sintaxe Invisível
foto de olvwu no Flickr

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