29/08/2010

O SOL NAS VIDRAÇAS



























A tarde de setembro
fecha o cerco
sobre o quarto claro,
e o sol nas vidraças
não faz lembrar
o temporal de ontem.

As águas da chuva
descem pelo esgoto
sob a cidade lavada,
e o rio na planície
não deixa esquecer
o ciclo natural das coisas.

O destino das nascentes
sintetiza de forma mimética
a trajetória emocional
de um objeto humanizado.

Agora é andar obscuro
contra a corrente
e deixar que a pedra
arrebente a vidraça.

Depois o sol um dia
vai incidir o seu enigma
sobre uma antiga vitrine
depositária de nossos sonhos
- feito estilhaços no tempo -

Milton Carlos Rezende
In O Acaso das Manhãs
tela by Peter Poskas

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