No meio da tarde
No meio do mundo
No meio da sala
estamos plantados
como uns cactus.
No meio da vida
No meio do sonho
No meio do amor
estamos atados
como uns escravos.
No meio do caminho
No meio da raiva
No meio do medo
estamos presos
como uns condenados.
No meio de tudo
No meio de nada
No meio sem meios
estamos perdidos
como uns abortados.
No meio da rua
No meio da noite
No meio da merda
estamos sozinhos
como uns deserdados.
No meio de nós
estamos morrendo
como os antepassados
No meio ele mesmo
estamos vivendo
como num trabalho forçado.
Somos uns cactus
num deserto de homens.
Milton Carlos Rezende
In Areia (À Fragmentação da Pedra)
Foto de a drormiler no Flickr
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