Amor: esta palavra acende uma
lua no peito, e tudo mais se esfuma.
E testemunho: eis que Amor deixou
ferida cada coisa que tocou.
E tudo dele fala: a mesa, a cama
(como abrasa este hálito de chama!)
o bar, cadeiras, livros e paredes
vivem, revivem: de fomes e sedes
a corpo saciados. Tudo fala,
tudo conta.Só a boca é que cala.
Amor. Do extinto pássaro , o voo
prossegue, inexorável. Mas perdoo,
eu, essa lâmina que me escalavra,
resolve em mim, em sua funda lavra,
amor, restos de amor, gestos quebrados,
enganos, mais amor; olhos magoados,
e fúria, e canto, e riso, e dança, e dor.
E a Quimera. E amor, amor, amor
por toda parte trucidado e em flor.
Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida
tela Lionel Noel Royer
Um comentário:
E amor, amor, amor.
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