Só depois percebemos
o mais azul do azul,
olhando, ao fim da tarde.
Só depois é que amamos
a quem tanto amávamos;
e o abraço se estende, e a mão
aperta dedos de ar.
Só depois aprendemos
a trilhar o labarinto;
mas como acordar os passos
nos pés há muito dormidos?
Só depois é que sabemos
lidar com o que lidávamos.
E meditamos sobre esta
inútil descoberta.
enquanto, lentamente,
da cumeeira carcomida
desce uma poeira fina
e nos sufoca.
Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida
foto Fabio Zielinski
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