Tenho no olhar o passar de mil eras
Já fatigadas de tantas esperas.
E, apesar de tudo isso, tenho todos
Os sonhos de um mundo se eclodindo.
Não se apegar em nada?
Tudo é implacavelmente perecível,
Como num ranger de porta
E ver o abismo escondido.
Eras e eras se consomem
– eras que a vida tem.
Melhor coisa neste mundo
É não gostar de ninguém.
A caminhada que se faz só é injusta,
E abandonado não se apercebe foragido
De sua própria lucidez abstraída
Inventada por um Deus invisível.
Será que este destino é o fim?
Que o homem seja digno do cosmos,
Perpetuando-o e, nesse viajar,
Deixando rastros de estrelas.
Luís Antônio Rossetto de Oliveira
tela Leda by Gustave Moreau
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