Sinto Deus em todas as coisas
Que teimosamente vejo.
Em quase tudo que vejo, sinto Deus
Nas coisas que teimo ver.
E noutras apenas tento perceber
A sua preciosa ausência
Nas injustiças feitas pelos homens
E pela natureza, como num tufão
Fumegante de lavas num infinito
Armagedom de pesadelos,
Soando como trombetas enlouquecidas
Nos meus humanos tímpanos displicentes,
Parecendo o juízo final dos meus lamentos.
Sinto Deus em todas as coisas
Que teimosamente vejo.
Em quase tudo que vejo, sinto Deus
Nas coisas que teimo ver.
Vejo, noutras, as planícies à luz dos justos,
Daqueles que pregam a paz, e neles percebo:
Estão sendo coroados e ungidos de bons sentimentos.
E cultivam infinitas esperanças e carregam
Intuitivamente, constelações de bons pensamentos,
Como num inesperado batismo, no rio Jordão:
Onde encontramos o significado da palavra amor
Em sua plena manifestação universal
Da eterna esperança da humana convivência.
Luís Antônio Rossetto de Oliveira
tela by Ferdinand Victor Eugene Delacroix
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