01/09/2010
ELEGIA À MODA ANTIGA
Nem tão tarde que me farte
Nem que me raive de cedo
Quando o mundo não tiver
Nada mais por descobrir
Quando o amor se acabar
Morra com ele o desejo
De ficar a ver as sobras
Os restos da vida cheia
Parado à beira do rio
Onde as águas não descansam
No outro lado milagres
E margens verdes eternas
Enterro os dedos no lodo
Quatrocentas gerações
Um grande sonho pairando
Enquanto o céu se carrega
Ai o destino dos homens
Ai o destino de mim
Corta-se a voz ao princípio
Tranca o soluço no fim
José Saramago
In Provavelmente Alegria
tela by Anonymous
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