20/10/2010
NO SILÊNCIO DA TERRA
No silêncio da terra.Onde ser e estar.
A sombra se inclina.
Habito
dentro da grande pedra de água e sol.
Respiro sem o saber , respiro a terra.
Um intervalo de suavidade ardente e longa.
Sem adormecer no sono verde.
Afundo-me, sereno,
flor ou folha sobre folha abrindo-se ,
respirando-me, flectindo-me
no intervalo aberto.
Não sei se principio.
Um rosto se desfaz, um sabor ao fundo
da água ou da terra,
o fogo único consumido em ar.
Pedra harmoniosa
do abrigo simples,
lúcido, unido,silencioso umbigo
do ar.
Aí
o teu corpo
renasce
à flor da terra.
Tudo principia.
António Ramos Rosa
In Animal Olhar
tela de Adriano Galasso
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