16/10/2010

O SOM DA SOLIDÃO























O som da solidão engana tanto,
magnífico na música de gestos,
que fico cada vez mais surdo e sinto
a presença do som além dos versos

Dentro de mim eu oiço um som absorto,
rastros de vibração de sons dispersos
Dentro de mim apenas um som extinto
e, de sons reunidos, só uns restos

Passo o dia a pensar em ti nas trevas,
passo a noite a pensar em ti surpreso
de te encontrar na luz do meu murmúrio

E o som, que em mim, imenso, já não vibra
a muito custo silencia o núcleo
do som do pensamento só ausência.

António Barahona
In Sobre um abismo
tela de Richard S. Johnson
  

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