Calou-se o poeta por um momento
para esperar a musa
que se escondia
fria, opaca, indiferente,
em alguma estrela escusa.
Fechou as portas da poesia,
trancou o verso,
deixou o canto submerso em melancolia.
Cerrou as vidraças do encantamento,
aprisionou o vento, portador de trovas;
as rimas novas arquivou no peito.
Deu-se ao direito de dobrar a vida
até que , a lágrima perdida
num instante de desalinho,
fez-se gasosa
e evaporou no íntimo da rosa.
Retornada a musa de sua insensatez,
reintegrou-se o poeta e poetou mais uma vez.
Flora Figsueiredo
In Florescência
tela de Willem Haenraets
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