Vento que vens chegando
de longe, de muito além,
que vieste alisando
os campos e os mares também,
pára um pouco, ouve o meu canto
e leva-o de volta
com as lágrimas do pranto
destes olhos sem revolta,
que olham com indiferença
os homens e a vida quadrada
dos que perderam a crença
entre as pedras da jornada.
Leva meu cantar dolente
nas tuas invisíveis asas
e espalha-o docemente
sobre esse mundo de casas
que não possuem canção.
Eu sou a harpa divina
numa alegre saudação
de mil vozes cristalinas.
Vento que moves águas,
que o fogo avivas ou apagas,
leva meu canto de mágoas
para pertinho do Sol
ou para fora da Terra.
Talvez num outro arrebol
além desta atmosfera,
com esta canção em arranjo
eu encontre aquele Arcanjo
que foi Homem nesta Terra.
Zoraida H.Guimarães
In Na Passarela do Tempo
Foto de Wolfgang Binder
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