Tua alma se verá solitária
No cismar da paz tumulária;
Ninguém, do vulgo todo, espia
Tua hora de absorta calmaria
Aquieta-te em tal reclusão,
Que não é solidão – pois aí
O mesmo fantasmal cordão,
Em vida fronteado a ti,
Volta a espreitar-te na morte
E seu ímpeto irá sombrejar-te.
Da noite, franzir-se-á o véu,
Nenhuma estrela, na pujança
Dos altos sólios dentre o Céu,
Réstias traz à mortal esperança;
E seus rubros círios sem lume
– Como tua fadiga presume –
Penduram, em tua carcaça,
A ardente chaga da desgraça.
Convém cultivar pensamentos,
Convém relembrar teus momentos;
Ou eles de tua alma secarão
Tal qual o orvalho rente ao chão.
Não há brisa – alento divinal;
Cinge o monte bruma espectral
Prenhe de sombras, e estagnada,
Do abandono prova acabada,
Envolve os ciprestes cimérios
Como um mistério de mistérios!
Edgar Allan Poe
Tradução: Cid Vale Ferreira
tela de American School
* Obrigada Maria Madalena por esta preciosidade!!
Um comentário:
Beleza teu blog, como não compartilhar belas coisas?
Levei alguns para a comunidade, porque vc é uma fonte verdadeira!
Mais uma vez, parabéns pelo belíssimo blogger, encontro das almas sensíveis como a tua...
Beijos.
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