Cai-me folha após folha
da árvore da vida.
Ó mundo múltiplo e vertiginoso,
como sacias,
como sacias e cansas,
como embriagas!
O que hoje é brasa ainda,
amanhã será cinza.
Já vem ranger o vento
sobre meu pardo túmulo,
Sobre o meninozinho
curva-se a mãe:
quero rever-lhe os olhos,
seu olhar é a estrela que me guia;
tudo mais pode ir-se e dissipar-se,
tudo morre e faz bem tudo em morrer.
Apenas permanece a eterna mãe
da qual somos oriundos:
seu dedo escreve a brincar
o nosso nome na fugacidade do ar.
Hermann Hesse
In Andares
tradução de Geir Campos
tela de Mary Cassatt
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