26/03/2011

LIRA


















Da margem da lagoa adormecida,
Contemplo a superfície reluzida.
E é tão tranquilo o líquido abandono
Que cuido ouvir-lhe o plácido ressono.

Dorme a lagoa límpida estendida,
Pelo manto do céu toda envolvida.
Do seu profundo demorado sono
Vem despertá-la o vendaval do outono.

Sob as fortes rajadas incessantes
A água parece impulcionada lira,
Cheia de sons e espumas cintilantes.

Assim tocam-me as tuas mãos vibrantes,
E aminha carne em frêmito delira
Como a linda lagoa azul safira!

Débora Leão
In Remoto Sonho
foto de FBarao

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