Da margem da lagoa adormecida,
Contemplo a superfície reluzida.
E é tão tranquilo o líquido abandono
Que cuido ouvir-lhe o plácido ressono.
Dorme a lagoa límpida estendida,
Pelo manto do céu toda envolvida.
Do seu profundo demorado sono
Vem despertá-la o vendaval do outono.
Sob as fortes rajadas incessantes
A água parece impulcionada lira,
Cheia de sons e espumas cintilantes.
Assim tocam-me as tuas mãos vibrantes,
E aminha carne em frêmito delira
Como a linda lagoa azul safira!
Débora Leão
In Remoto Sonho
foto de FBarao
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