Junto de ti, homem, ser processional que só vês tua sombra,
pousa a mão no teu ombro o Anjo que te proteje.
Mas, ora esvoaça à direita, ora esvoaça à esquerda
o grande e belo Anjo exilado da Luz.
Adiante de ti - perfurada e sangrando,
a mão do Redentor te aponta o caminho certo;
dentro de ti - seres anteriores a ti, - luminosos ou negros
vão contigo e tua sombra.
Quando adormeces e ficas durante o sono - invisível e inocente,
e o livre arbítrio voa de teu cadáver,
a estranha procissão espera que tu te acordes
para prosseguir a marcha.
Por isso é que te cansas sem motivo nenhum.
Por isso é que andas de costas para o caminho certo.
Por isso é que tropeças e tateias como um ser sem leme.
Por isso quando pensas estar sobre o abismo do Inferno,
a mão perfurada e sangrenta te conduz para cima.
Jorge de Lima
In Poesia Completa
tela de Elvira Amrhein
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