23/03/2011

O TEMPO























"E o corvo disse: "Nunca mais."
 (Edgard Poe)

O tempo passou por mim,
Alterando os meus planos,
Modificando as minhas aspirações,
Fazendo da minha vida
E de todos os meus sonhos
E de todos os meus amores
Uma coisa medíocre.

Pingou banalidade e lugares-comuns,
Na minha inteligência,
Na minha alma
E no meu coração.
Alterou a forma do meu corpo,
A estrutura das minhas células,
As linhas do meu rosto,
As crenças da minha ingenuidade
E o meu próprio caráter.

E o tempo, que não respeitou nada,
Nem os meus defeitos
Nem as qualidades dos outros -
Esse tempo que deteriorou todas as alegrias
E tornou ridículos todos os martírios,
O tempo todo-poderoso
Não conseguiu ensinar-me
A arte de esquecer.

Alba Saltiel Bianco
In Música do Vento
foto de  woolyboy

Um comentário:

Maria Madalena Schuck disse...

Nossa!
Esse é demais também!
Parabéns Dione,
só poemas de primeiríssima qualidade no teu blog!
Sou sempre obrigada a 'raptar' alguns, :))
Parabéns pelo eterno bom gosto.
Beijos.