02/04/2011

CARÍCIA


















Demore-se no carinho,
de modo que no rosto do doutro
vá a mão como se não fora
voltar. Repita,

demorando-se mais,
de modo que a mão descanse
naquele rosto, como se,
e se esqueça de que.

Repita, demore-se no caminho
como se a mão desses adeus,
agarrada ao rosto que se vai.
Outra vez: repita,

demorando-se mais
e mais, como se a mão bebesse
daquele rosto para, saciada, dormir
ali mesmo, ao pé da fonte.

Eucanaã Ferraz
In Boa Companhia : Poesia
tela de Adolphe William Bouguereau

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