Não adianta o poder
sem o poder do sangue
para explodir o cérebro
e disparar o coração.
É estéril o grão
Que se multiplica no celeiro:
O que vale é o campo
E a sua gravidez.
Não se pode ser herdeiro
Da própria herança - e da vida
Se o que se carrega é a morte.
Deito-me à espera do vento
que metraga alguma coisa fértil
mas sinto que é tarde - tornei-me
um estrangeiro da seiva
e me perdi do suicídio e da loucura:
meu sangue corre certo
na pressão normal
e meu risco de morrer de amor
se fasta velozmente
em linhas paralelas.
Resta-me todo o tempo
para acumular os grãos
que vão se apodrecer
inutilmente no celeiro.
Álvaro Pacheco
In A Balada & Outros Poemas
Artists / Hassam / September Clouds
Nenhum comentário:
Postar um comentário