29/07/2011

ROMANCE DO MINUANO E DA TORRENTE DE PRATA



Arde a mirra do minuano
que pesca a própria fugacidade.

Singra errante à ira das ondas
o minuano que não cansa,

que não faz sombra às penhas,
que não faz sombra em nada.

Vendo o minuano que erra vazio,
a prata da torrente marinha

escachoa embebida de lonjura,
tudo porque a flora invisível

do minuano soprou em seu sonho vago
fráguas de luz sem tóxico glacial.

Por isto, agora, arde o minuano
no ventre silencioso da água atlântica.

Fernando José Karl
In Brisa em Bizâncio

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