20/02/2013

REGRESSO




Eis-me de volta! É longe donde venho…
Venho dessa distância que separa
teu beijo quente e a gargalhada clara
do triste ricto que em meus lábios tenho.

Regresso desse abismo que se chama
Ausência… Venho de regiões sombrias…
De um lustro secular de cinco dias,
que doido é o tempo de quem muito ama !

Regresso de um presídio onde cumpri,
dentre as penalidades – a mais alta:
Sentir na carne a dor da tua falta,
sem deixar nunca de pensar em ti.

Retorno da saudade dolorida,
da contenção do meu desejo imenso;
e voltar, e sentir-te, é o mesmo – penso –
que, estando morto, retornar à vida.

Perdoa, pois, a febre dos desejos;
perdoa se os meus beijos e os abraços
machucarem a carne de teus braços
e a tua boca se sangrar de beijos.
(1952)

Ivo Barroso
http://gavetadoivo.wordpress.com/page/7/

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