24/04/2013

TEMPESTADE




Longe, no horizonte sul,
risca a trovoada,
vasto campo de nuvens,
pesadas como trem de carga.
 
Um avanço súbito,
coice de ventos cruzados,
mil cavalos invisíveis
em feroz disparada.
 
De lança em punho
emergiu imensa falange,
aquartelada nas nuvens
desfere o fio do granizo.
 
E nos campos
o arco do silêncio,
às vezes, é cortado
por raios em fuga.
 
Montada no vento,
a chuva
cavalga - soberana -
florestas e campos lavrados.
 
A natureza espelha desígnios,
espalha nas vozes,
pegadas de deuses
no templo dos homens.
 
A trovoada em sua fúria
insufla o tropel
instaura a diáspora
em carruagens longínquas,
 
fustiga pastores,
ovelhas e perdizes,
nos campos onde medram
grãos e serpentes.
 
O cenário da tempestade
é tempo de espera,
de repontar rebanhos,
rebanhos de água e vento.
 
Onévio Zabot
In Arco de Pedra
tela Aelbert Cuyp

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