30/01/2014

O DIA DESENCANTADO



Desencantado a noite vinha o dia
trazer de novo os pássaros cansados,
e a mesma luz das cousas repetidas
sob o giro do sol no céu distante.

Vinha o peso do dia abandonado
nas plantações de milho e de feijão,
e ruminava uma esperança morta
no trabalho das roças repetidas.

Vinha a manhã das ásperas distâncias,
e na tarde parada o gado triste
vinha lamber de novo o sal da terra.

Vinha a chama do sol no céu vazio,
e no calor de sempre repetia
o assombrado silêncio das taperas.

H.Dobal
In A Província Deserta
arte Julien Dupré

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