24/10/2021

NATAL DO BRASIL NU



Uma cidade chamada Belém
Um alçapão chamado coração
E a vasta Noite de estremecimento
Nascimento em Belém do coração
De um menino tão grande e pequenino.

Tocam os sinos,

Os pastores esquecem as estrelas
Anjos abandonam o Paraíso
Na estrebaria entrar é preciso
Na hora de profunda  eternidade:
O muito transforma-se em unidade.
Em silêncio eis que a música enternece
corações tornados silêncio-prece.
Nasceu o Menino. É teu é meu 
É do Pai que o amou primeiramente
E n'Ele se escondeu, n'Ele se deu
Em amor por aqueles que não amam.
Prodígio o desse coração sozinho
Dentre todos o de maior carinho.
Não é um, são todas as criaturas
Das menores às de maior altura.
Vieram as estrelas aqui pousar
No coração-presépio a cintilar.
Fechem os olhos - é excessiva a luz
Que emana da Criança que é Jesus
 E estamos todos de repente nus
E se mostram recém-nascidas almas
A modo de longas e verdes palmas.
Súbito voam pedras e a floresta
Acorre dançando para entrar na Festa.
Música e silêncio trocam olhares
Ao resvalarem gêmeos pelos ares;
As flores também vem com seus olores
E  à meia-noite dançam beija-flores.
Abre-se então no peito um caminho
Cheirando a hortelã e o rosmaninho.

Um berço é o coração enternecido
Para embalar Jesus recém-nascido.


Dora Ferreira da Silva
de Cartografia do Imaginário
arte Lorenzo Costa


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