Existem seres puros e sensíveis
que nada dizem quando o amor tortura,
guardando sentimentos de candura
que nem o olhar os torna compreensíveis.
Oficiam no templo claro da alma
e quem os vê assim sem um queixume
talvez se lembre da poesia calma
de uma flor escondida no perfume.
Esse amor dura às vezes uma vida
quando a amada ignora ou silencia. . .
Que falta faz um gesto de ousadia,
uma graça maior na despedida!
Que falta faz! Mas ela não socorre
ao pobre amante e chora quando Glaura
aos poucos se transforma numa Laura,
e o seu amor divinizado morre.
Miguel Reale
In Poemas do Amor e do Tempo
tela The Mother1907 - Sir Frank Bernard Dicksee
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