27/02/2011

TANTO FALEI DE AMOR...























Tanto falei de amor sem ter amada
que quando vieste, minha boa amiga,
parece-me que vinhas desconfiada
de um grande amor, de uma paixão antiga.

E notei que ficaste desolada
descobrindo que tudo era uma intriga
de meus versos...Mas não disseste nada,
de tão bondosa que és, gentil amiga.

Um minuto depois já bem sabias
que a minha mocidade era um engano
só de subjetivismo e fantasias.

Só me deste amizade. Mas que espanto?!
Tudo isso é humano, quase tão humano
como os meus versos que mentiam tanto...

Miguel Reale
In Poemas do Amor e do Tempo
tela The Black Brunswicker1860 - Sir John Everett Millais

Nenhum comentário: