Oh! nunca digas que eu te fui infiel, embora
Aches que descorou a ausência o meu afeto.
Abandonar eu teu espírito, onde mora
O meu, fora deixar o lar sempre dileto
Do meu amor, ou mesmo a mim repudiar-me.
Como quem viaja e volta, eis-me aqui novamente,
Aqui, onde devera a este tempo encontrar-me.
Venho lavar com pranto a mágoa que, inconsciente,
Na tua alma infundi. Não creias, posto exista
Em mim toda fraqueza a que é o sangue atreito,
Que eu tenha perpetrado a absurdeza imprevista
De olvidar que tu és meu bem sumo e perfeito,
De olvidar que só a ti devo amor o mais fundo,
Porque tu, minha flor, me és tudo neste mundo.
William Shakespeare
In Sonetos
foto de lifes26
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