"Chacun de nous a sa blessure; j'ai la mienne.
Toujours vive elle est là, cette blessure ancienne."
(Rostand)
Ouve. É tão tarde! A música do vento
Embalou-me, de leve, o pensamento
E fez-me, sem querer, pensar em ti.
Lembras? Reinava em torno a primavera
Tu foste bom e crente, eu fui sincera,
Áureo sonho de amor, que não revi.
Depois... Que importa? O mundo permanece,
A vida segue e um dia, a gente esquece
Aquilo que supôs nunca ter fim.
As estações variam, correm anos,
Multiplicam-se os nossos desenganos,
Que a lei universal ordena assim.
Mas, se tudo morreu, por que agora
Eu, que desprezo o coração que chora,
A uma saudade inútil sucumbi?
Ouve e perdoa. É a música do vento,
Que me embala de leve o pensamento
E faz-me, sem querer, pensar em ti.
Alba Saltiel Bianco
In Música do Vento
Tela de Claude Monet
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