"No deserto a cantar a canção mais sonora
Muda-se em paraíso o deserto de outrora."
(Omar Khayyam)
Claro que sei por quê. Se existe cor,
Perfume, ressonâncias, luz e flor,
É só porque te amo. É só por isso.
Refulgências de estrelas, sinfonias,
Clarões de raios sobre penedias
Não os percebe um coração omisso.
Arco-íris no céu, luar de prata,
Serenatas de pássaros na mata,
Tremulinas, em mar encapelado,
Leves sons de balada, o sol poente,
Um riso de criança, e o envolvente
Perfume de uma rosa, enfeitiçado,
Tudo isso, bem sei, não existira,
Se o mortal coração jamais sentira
A vibração do amor, maior que a morte.
O que existe de bom, de belo e puro,
No deserto da vida, amargo e duro,
É milagre do amor, domando a sorte.
Se inspiração existe, se há beleza,
Se em destinos humildes há grandeza,
Amor, por certo, opera essa magia.
Foi ele que criou céu, terra, inferno,
O espaço infinito, o tempo eterno...
- antes de haver amor, nem Deus havia.
Alba Saltiel Bianco,
In Música ao Vento
tela de Maurice Prendergast
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