"É a alma que torna ricos os homens"
(Seneca)
Aprendi a viver. Sei finalmente
Chorar sozinha, rir intimamente,
Guardar para mim mesma o que me importa.
Adquiri a força dos que esperam
O mal somente pelo bem que deram,
E sabem que o direito é letra morta.
Adquiri também sabedoria
Para encontrar em Deus minha alegria,
Para Nele buscar socorro e exemplo.
Sei distinguir os fariseus e os crentes,
Justiça e leis, resíduos e sementes,
O ritual e a solidez do templo.
Sei que a alma da planta, do minério
Alma humana serão, nesse mistério
Que liga céu e inferno - a Evolução.
Sei também que algum dia nós seremos
Anjos - pura energia! e esqueceremos
O desespero da transmigração.
Esqueceremos formas evasivas
De granito ou hiena, e as redivivas
Almas de cardos, homens e chacais.
Energia seremos, força pura,
Movidos pelo anseio que se apura
No ímpeto de alçar-se sempre mais.
Liberdade infinita! Suma glória.
Por superar a angústia transitória
De ser matéria bruta, em dor perdida.
Eis tudo o que concebe - o sonho casto
De pureza maior, poder mais vasto,
Para servir a Deus, além da vida.
Alba Saltiel Bianco
In Música do Vento
tela John Singer Sargent
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