Estive sempre em viagem,
peregrino sempre.
Pouco tratei de mim:
sorte e azar vão e vêm.
Desconhecidos o sentido e o objetivo
do meu peregrinar,
das mil vezes que caí
tornei a me levantar.
Ah, havia a estrela do amor,
de que eu andava atrás:
lá nas alturas posta,
santa e longe demais.
Antes de conhecer o objetivo,
andei à toa:
tive sublimes prazeres
e alguma coisa boa.
Agora, que mal entrevi a estrela,
é tão tarde, afinal:
ela se escondeu, já,
desaba o aguaceiro matinal.
Despede-se o variegado mundo
a que eu tão bem queria:
mesmo tendo perdido o objetivo,
a viagem valeu pela ousadia.
Hermann Hesse
In Andares
tela Vincent Van Gogh
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