Não quero saber de amor platônico
nem de amor pretônico ou postônico.
Prefiro o amor tônico
com acento de intensidade
na idade e na medida
amor com icto
convicto
biotônico
como um eligir de longa vida.
Mas não quero também um amor crônico
que não ata nem desata
e maltrata
e esfola
quando não faz da tripa coração
ou corda de viola
ou violão.
Quero antes um amor amazônico
capaz de me dar a filha da rainha Luíza
um amor biônico
capaz de milhões de peripécias
um amor supersônico
capaz de vencer as barreiras dos ais
e não terminar nunca,
nunca mais.
Um amor que seja daltônico
para confundir paixão e esperança
e trafegar livremente
na mudança da gente.
Que seja menmônico
para guardar no coração e no ouvido
o acontecer acontecido.
E que seja lacônico
para dizer apenas vini vidi vici
ou qualquer outra tolice
em língua viva
em alfabeto rúnico.
Um amor irônico
e único.
Gilberto Mendonça Teles
Do livro Hora aberta
tela de Graham Round
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