28/03/2011

TORMENTA...



















Noite triste:
zimbra o vento
que de riste
sangra e lasca
velha casca
a avelhentado  tronco rudo!

Dorme um rio
sonolento...
Treme o frio
pelas frestas
das florestas
e despe a fronde, despe tudo!

Pios tredos
veem de longe...
Os penedos
estremecem!
Nuvens descem
do alto, chorando as suas ânsias!

Coaxa um sapo,
reza um monge...
E alto, escapo,
voa o fumo
indefectivel das distâncias!

Numa rocha,
num assomo,
uma tocha
- avantesma
de si mesma! -
acorda algum extinto rito!

E alto, pelas
nuvens, como
as estrelas,
os coriscos
riscam riscos
no quadro negro da infinito!...

Zimbra o vento...
- Que tristeza! -
Sonolento
dorme o rio...
Corta o frio
e fere mais do que um açoite!

Despe a fronde
com a braveza
e o céu, onde
riscam riscos
os coriscos,
empresta a luz do dia à noite!...

Attilio Milano
In Todos os Poemas
tela de Francesco Zuccarelli

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