10/09/2008


Foto de andrea sf

ICONOGRAFIA DE UM QUADRO

O que fazem
estas frágeis flores, delicadas aves da solidão?
Estes adolescentes, deuses dúbios
de um poema não escrito,
o que farão?

Buscam o tempo sutil
onde sim é não.
Quando tudo acontece em silêncio.
Ou quase.
E nada se passa em vão.

Aquiescências, ressonâncias, ausências.
Libélula lilás.
Esfinges, rostos?
Novembros, agosto?
Borboleta silenciosa aqui subjaz.

A beleza aqui não mora ao lado.
Faz parte, reluz.
Nos riscos, movimentos, entrelinhas do desejo.
De uma porta entreaberta
onde o sonho vislumbro
e dádivas do enigma revejo.

Enigmas da incerteza?
Cavalo alado
que faz parte do bandolim.
Que faz parte da caravela
no mar aéreo
entre lembranças de um jardim.
Que faz parte
da metamorfose
feita de tela, desenho, tinta
e coração, esta eterna surpresa.

Jogo de dados
em tabuleiro de dúvidas,
em leque fechado-aberto,
desdobrado e incerto.

Por que não?
Ser ou não ser
é mais que viver.

Lindolf Bell

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