09/11/2008


by Alessandro Filippepi Botticelli

TÃO LONGA A ETERNIDADE

Quem é esse que sorri quando a noite é tão noite,
quando o vento sacode o silêncio dos mortos?
Eu não sou; ou é alguém em mim que desconheço.
Ou é um irmão que perdi num outro e vago mundo.

Mas alguém existe que se vai nas águas insubmissas,
nas águas ermas e gélidas que cai, é um sinal inscrito na névoa.
E ele se vai, esse exausto alguém, sem lanterna e sem pouso.

Tão longa é a Eternidade!Tão longo o sono dos mortos!
Eles parecem escutar qualquer voz nunca ouvida.
Eles se vão, os mortos, em ataúde que semelham barcos
destroçados.
Tão longa a Eternidade! Longo o sono dos mortos.

Longa a vigília, longa a insônia, longa a tristeza absurda
que pesa como chuva no chão da morte.

Alphonsus de Guimaraens Filho
In Água do Tempo

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