
by Jean-Baptiste Greuze
NUNCA MAIS TE ERGUERÁS...
Nunca mais te erguerás dentre os detroços implacáveis
para tentar reconstruir o que foste, perdido
em vagas solidões onde olham tardonhos
e indecifráveis rostos.
Nunca mais te erguerás...Agora, pelos parques,
as mesmas árvores contemplam os mesmos cegos e a noite
pousa as mesmas delaceradas e torturantes asas.
As ruas esfriam teu gosto de viagens, acolhem-te
e ao mesmo tempo tolhem
teus pés cansados de buscar o que era tão-somente,
ai! tão-somente limo e vento.
Cantas, porque cantar é o que te resta, sonhas
porque sonhar foi sempre o teu ofício, esperas
porque esperar... e então tudo mais se modela
em máscaras esfíngica e impassível em que embora exausto
jamais encontrarás sequer débil vestígio
da que te roeu, secou, áspera e amarga fome.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In Água do Tempo
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