29/12/2008

POEMA DISTANTE



Sou o deserto, que te ama
como a água ama o deserto.
Sou o deserto e me atravessa
um rio seco.Por seu leito
corre a sede para tuas mãos.
A sede.

Estou afundando no esquecimento,
em sua areia devoradora.
Como, às vezes, na América do Sul
as pobres bestas espantadas,
no barro azul que perfumam
flores súbitas e monstruosas,
se afundam, devagar.

Amor, acaba de esquecer-me.
E Deus tenha piedade de minha alma.

Eduardo Carranza
In Antologia Poética
Foto de veyan1977

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