02/06/2009

VI



















Nosso poder de amar não se resume
na transparência inútil de saber
que a vida, o mundo e suas coisas lúcidas
arremetem informes contra a noite
afeita a só morrer e deslumbrar.
Agora estamos sós e já nos basta
o privilégio de chorar ,ferindo
nossos próprios ouvidos rebelados.
Sabemos que são frágeis nossos mitos
e sabemos do empenho nesse exílio,
nessa volta ao silêncio, no siêncio
que se repete sempre, e se repete
como os dias e as noites, e nos punge
como um pássaro súbito na tarde.

Gilberto Mendonça Teles
In Poemas Reunidos
tela de Joaquin Sorolla y Bastida


Nenhum comentário: