11/06/2009
by Christine Comyn
SALA DE ESPERA
Sentimentos não são teoremas
são antes como nuvens confusas
sorrateiras
à espreita
onde vão dar
os caminhos do coração
em que clareira
floresta ou pedaço
de ar?
sinos ocultos
dormem debaixo das veias
e basta um sopro
de lua ou jasmim
a solidão passa
pontual
todas as tardes
bonde azul
sem passageiros
rumo a lugar nenhum,
e deixa na pele
um desejo
de outra pele
versos são cometidos
como pequenos assassinatos
de palavras
no escuro cúmplice
do pensamento
algumas vezes parece
que o chão está coberto
das horas
que vão caindo das árvores
feito armadilha
um homem grave
sentado na beira
do horizonte
sua alma dobrada
em dois
como um gato adormecido
à espera de um poeta
veleiros fenícios
de aladas âncoras
assombram
um poema
entre as fendas da
tarde
quase mariposa
pousada no silêncio.
Roseana Murray
In Paredes Vazadas
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