16/07/2009


Enclosed field with ploughman by Vincent Van Gogh

SILÊNCIO

No silêncio da cidade pacata
Aguça-se a percepção
Da melodia da existência
Contrapondo-se à essência

Na noite não se ouve ruídos
Enquanto o corpo descansa
A mente grita a ausência
Do barulho cotidiano:

O disse-me-disse
Da injustiça muda
Do desejo reprimido
Do suor expelido

Da doença que abrasa
Do desempregado sem casa
Do idoso que chora
Do visitante que vai embora

Do homem sem dentes
Da dama cega ardente
Do cavalheiro surdo
Da boiada no sol quente

Do som do berrante
O cansaço do estradeiro
Do mendigo errante
E a labuta do boiadeiro

Da moça que namora
Um amor que aflora
Com rapaz anda de bonde
No jogo do esconde- esconde

Da mulher que trabalha
No varal roupas anis
A animação do cachorro
Meio ao canto dos bem-te-vis

Do zunzunzum do mosquito
Um bando de periquitos aflora
Um despertar pelo canto do galo
No frescor da afetuosa aurora

No silêncio
A vida prossegue
Numa luta sem voz
Suave..
Atroz...

Luiz de Aquino
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