30/08/2009


by www.topnews.in/genes

NÃO HÁ MUITO QUE CONTAR

NÃO HÁ MUITO que contar,
para amanhã
quando já desça
ao Bom-Dia
é necessário para mim
este pão
dos contos
dos cantos.
Antes da alba, depois da cortina
também, aberta ao sol do frio,
à eficácia de um dia turbulento.

Devo dizer: aqui estou,
isto não me aconteceu e isto acontece;
enquanto isto as algas do oceano
se movem predispostas
à onda
e cada coisa tem sua razão,
sobre cada razão um movimento
como de ave marinha que levanta
da pedra, da água, da alga flutuante.

Eu com minhas mãos devo
chamar: venha qualquer um
Aqui está o que tenho,o que devo,
Ouçam a conta, o conto e o som.

Assim cada manhã de minha vida
trago do sonho outro sonho.

Pablo Neruda
In Últimos Poemas

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