A luz desmaia num fulgor d'aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui...outrora...
Não sei o que em mim ri, o que em mim chora,
Tenho bênçãos d'amor pra toda a gente!
E a minha alma sombria e penitente
Soluça no infinito desta hora!
Horas tristes que são o meu rosário...
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Ó meu áspero e intérmino Calvário!
E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são sonhos dos que eu tive...
Florbela Espanca
In A Mensageira das Violetas
foto de orxeira
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