...somos frágeis barcos sobre as horas.
(Fernando Campanella)
Vão, que já não são meus
os filhos, os versos, a estória.
Comigo não ficam meus passos
nem o desenho do corpo.
Vão os que do mundo vieram:
as folhas, os porres, os cansaços.
Se depositamos guirlandas e lágrimas
aos pés deste Deus, meu amor,
nossos tesouros já não ficam ensismemados.
Vão, pois,
fiquem vazios nossos barcos
por tamanha generosa partida.
E para tantos outros encontros
solte-se a órbita do peito no espaço.
Fernando Campanella , 1988
In PalavreAres- Poemas,Crônicas & Imagens
tela Arthur Rider
Nenhum comentário:
Postar um comentário