13/09/2009

DO MUNDO


...somos frágeis barcos sobre as horas.
(Fernando Campanella)

Vão, que já não são meus
os filhos, os versos, a estória.

Comigo não ficam meus passos
nem o desenho do corpo.

Vão os que do mundo vieram:
as folhas, os porres, os cansaços.

Se depositamos guirlandas e lágrimas
aos pés deste Deus, meu amor,
nossos tesouros já não ficam ensismemados.

Vão, pois,
fiquem vazios nossos barcos
por tamanha generosa partida.

E para tantos outros encontros
solte-se a órbita do peito no espaço.

Fernando Campanella , 1988
In PalavreAres- Poemas,Crônicas & Imagens

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