09/09/2009
Foto de Monarcaxx no Flickr
Mal leio os jornais de manhã.
Fui me desinformando por completo,
eliminando a noção das enchentes, das calamidades,
dos crimes, o que me alojava no mundo.
Não tenho nada para conversar
que não seja escrito.
Prefiro comer em silêncio, como se estivesse pescando.
Ergo os joelhos na cama para acordar e volto a dormir.
O quarto já tem o cheiro de meu corpo.
Com o cinza fúnebre das tumbas,
as pombas arrulham nas telhas e não me dão paz.
Fracasso para poder contar aos filhos.
Pouco resta de minha intuição.
Aqui estou, como tu, cavando
uma posição para não morrer à toa.
Não há regresso possível sem que alguém fique.
Toco o sexo, toco, movido pelo tédio,
esperando uma explosão áspera,
o dobrar da seiva, toco, conferindo se respiro.
Quem não chegou a uma estação tarde de si
a pressentir que o último ônibus já passou?
Fabrício Carpinejar
In Como no céu/Livro de Visitas
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