18/11/2009
foto by lorencedajour
NOTURNO
Com seus dedos invisíveis
balança o vento a cortina,
muito leve, levemente,
tal farrapo de neblina.
A luz argêntea da lua
parece uma asa de vespa
tremulando suavemente
sobre um lago de água crespa.
Pela vidraça entreaberta,
iludindo que entra alguém,
entra o vento, sai o vento,
num noturno de Chopin.
E os teus dedos, no teclado
de marfim envelhecido,
são dez pássaros pousados
num trigal reflorecido.
De repente o vento cessa.
Uma nuvem tolda o luar.
Desce em pregas a cortina
e fica à música no ar...
Alfredo C. de Santana
In Poemas e Legendas
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3 comentários:
A inspiração no vento....hoje o vento parece conspirar, li vários neste tema, e estou adorando! Este é muito bonito!
beijos
GALILEO GALILEI
Se a terra não se movesse
Como Galileo afirmou
Talvez a cabeça não doesse
E eu não fosse quem não sou
Galileo dir-se-ia enganado
P´la luz do Sol e a cruz da Lua
Que são filhos do mau-olhado
E não ouvem os sons da rua
Se o Galileo habitasse
No grande centro do urbanismo
Teria tido direito ao passe
Dos domínios do cinismo
E então Galileo diria
Que a Terra era uma moradia
E todo o esforço que faria
Seria ver a noite e o dia
Se ele não fosse julgado
P´lo movimento que o moveu
Os juízes só teriam jurado
Que a Terra era um sonho ateu
Movendo-se sem se mover
Galileo o terror da roda
Que ao rodar rodou sem se ver
Inventa a rotação da moda
Mas como toda ela se move
Galileo descobriu o absurdo
E não havendo ninguém que o prove
Há sempre o grito que urdo
Galileo Galilei negou
O que eu nego sem negar
Porque o corpo que eu sou
É a negação do olhar
Se Galileo se enganou
E a Terra for um simples ponto
Todo o actor que falhou
Não leu a rotação do conto
Quando a Terra não se moveu
Porque um dos deuses o julgou
Galileo Galilei vendeu
À morte o que o não enganou.
Oeiras, 29/07/2009 - Jorge Brasil Mesquita
www.comboiodotempo.blogspot.com
GALILEO GALILEI
Se a terra não se movesse
Como Galileo afirmou
Talvez a cabeça não doesse
E eu não fosse quem não sou
Galileo dir-se-ia enganado
P´la luz do Sol e a cruz da Lua
Que são filhos do mau-olhado
E não ouvem os sons da rua
Se o Galileo habitasse
No grande centro do urbanismo
Teria tido direito ao passe
Dos domínios do cinismo
E então Galileo diria
Que a Terra era uma moradia
E todo o esforço que faria
Seria ver a noite e o dia
Se ele não fosse julgado
P´lo movimento que o moveu
Os juízes só teriam jurado
Que a Terra era um sonho ateu
Movendo-se sem se mover
Galileo o terror da roda
Que ao rodar rodou sem se ver
Inventa a rotação da moda
Mas como toda ela se move
Galileo descobriu o absurdo
E não havendo ninguém que o prove
Há sempre o grito que urdo
Galileo Galilei negou
O que eu nego sem negar
Porque o corpo que eu sou
É a negação do olhar
Se Galileo se enganou
E a Terra for um simples ponto
Todo o actor que falhou
Não leu a rotação do conto
Quando a Terra não se moveu
Porque um dos deuses o julgou
Galileo Galilei vendeu
À morte o que o não enganou.
Oeiras, 29/07/2009 - Jorge Brasil Mesquita
www.comboiodotempo.blogspot.com
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