16/01/2010


Foto de Luiz Schiel no Flickr

POLIÁLOGO
Para Marialuiza Ribeiro Pazinatto

Deixemos que o mar das rememórias
nos batize de água e sal.
Que o Tempo aflore aos nossos olhos
em espirais de luz-tempo tangíveis.
Precisamos saber dos reencontros
na luz difusa do vivido gota a gota.

Tu me pressentes na antiquíssima paisagem?

Através do vidro fosco das vivências
revejo a nós, olhos lavados pelas vidas
puras e ambíguas como um teorema
entrelaçadas, descendo pelo Tempo
a entoar o canto e o contra canto.

Que doces tâmaras um dia colhemos?

Procuro o Tempo em palavras e diálogos
com a devoção de quem faz um poema:
te reconheço múltipla, eu multifacetada
nossas faces sitiadas nas muitas visões
de espaços não medidos palmo a palmo.

Virias do passado acaso eu te chamasse?

Sou relógio de Sol, tu clarão da lua
envolvidos nos quatro indivissíveis elementos.
Da amoro-da-mata sabemos o travo na boca
que há o sal úmido e o açucar cândi
serpentes e anêmonas marinhas
asas,labirintos,ponto e contraponto.

Lembra-te que antigamente sabíamos voar?

Leo obscurecido em sombras,Sol posto em Aquário
anoitecimento marcado no Zodíaco
sutiliza karmas de nossos signos antípodas
em cósmica-telúrica completude
dos caminhos traçados passo a passo:

Viemos da Luz para ser a luz ou a sombra?

Americana, novembro,92

Maria Lucia Nascimento Capozzi
In Álbum de Retratos

Nenhum comentário: