28/02/2010


The Arbour by Emanuel Phillips Fox

SONETO DE PASSAGEM

Das águas corredias da memória
emergem os liames da incerteza:
retêm lendas, mitos e a história
das crenças, das ideias e a beleza

das artes, dos ofícios, da cultura,
e de terras fecundas e até sáfaras
que foram ou serão a sepultura
de quem partiu do fio das diásporas.

É veloz o decurso desta vida:
um dia após o outro e, de repente,
já fomos, e o que sobra à despedida
oxalá fosse pasto de semente:

de novo sentiríamos o sol,
quem sabe se flor, se rouxinol.

Domingos da Mota
In blog Ao rés do Nada

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