01/02/2010

NÃO SER



Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas,sãs,inanimadas,
Despir vão orgulho, a incoerência:
- Mantos rotos de estátuas mutiladas!

Ah, Arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah!Poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!

Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos,absortos
Na mágica tarefa de viver!

Ser haste,seiva, ramaria inquieta,
Erguer ao sol o coração dos mortos
Na urna de ouro duma flor aberta!...

Florbela Espanca
In A Mensageira das Violetas
tela Orestes Bouzon

2 comentários:

MOISÉS DINIZ disse...

Grato pela visita. Amanhã vai ser um dia árduo. As poesias do teu blog ajudam. Abraços

Iracema forte Caingang disse...

Oi! Passei aqui nessa madrugada,para ler.
Beijão